A principal missão do GT ANPOLL “Vertentes do Insólito Ficcional” é refletir sobre as diferentes possibilidades de manifestação do insólito ficcional, seja como estratégias de construção de gênero literário, como recursos de modalização discursiva ou como tema, leva a que se repense o percurso histórico tanto da produção literária de matiz não realista, inscrita no sistema mais comumente nomeado por fantástico em sentido lato, quanto a crítica que se fez sobre essa literatura, bem como as teorias de que essa tradição crítica se apropriou.

O insólito ficcional transborda o universo da narrativa literária e, já há muito, manifesta-se em grande diversidade nas narrativas fílmicas, visitando, revisitando e, muitas vezes, ressiginificando as literaturas do Maravilhoso, Fantástico, Estranho, Sobrenatural, Absurdo, Realismo Maravilhoso ou Mágico. Tal fenômeno provoca pesquisas nos campos da Literatura Comparada e dos Estudos Culturais, tendo o insólito ficcional, em linguagens diversas, como objeto de estudo.

Inúmeros textos transitam entre a literatura dita adulta, rotulados facilmente de “insólitos’, e a literatura infanto-juvenil, apresentando-se diferentemente, apenas, na roupagem, ou seja, apoiados em estruturas sígnicas não-verbais, que lhe conferem indicação de público destinado. Outros tantos textos transitam mais livremente ainda, implicados em uma ou em outra “literatura” pelo efetivo ato de leitura. Contos maravilhosos, de fada, fantasia...

Cabe, igualmente, pensar sobre as possíveis implicações sócio-culturais do insólito ficcional e suas relações para além dos aspectos tão somente poéticos ou estéticos, uma vez que o monumento literário mantém vínculos com a história. Toda literatura se faz em um tempo e, consequentemente, para esse tempo. Assim, as opções ou os efeitos estéticos de determinada obra e sua emersão poética são condicionados por elementos a ela exteriores.

As pesquisas acerca do insólito ficcional debruçam-se sobre a teorização, a tradição crítica e a produção literária, revendo conceitos, atualizando-os ou, mesmo, instituindo novos. Dessa maneira, contribuem para os Estudos Literários, no campo da Teoria Literária, das Literaturas nacionais, da Literatura Comparada ou, ainda, para as História e Historiografia Literárias.